sábado, 31 de março de 2012

Movimento JOVEM GUARDA



Jovem Guarda foi um movimento surgido na segunda metade da década de 60, que mesclava música, comportamento e moda. Surgiu com um programa televisivo brasileiro exibido pela Rede Record, a partir de 1965. Ao contrário de muitos movimentos que
surgiram na mesma época, a Jovem Guarda não possuía cunho político.
Os integrantes do movimento foram influenciados pelo Rock and Roll da década de 50 e 60 e pela precursora do rock no país, Celly Campello. Com isso, faziam uma variação nacional do rock, batizada no país de "Iê-Iê-Iê"(expressão surgida em 1964, quando os
Beatles lançaram o filme "A Hard Day's Night", batizado no Brasil de "Os Reis do Iê-Iê-Iê"), com letras românticas e descontraídas, voltada para o público jovem. A maioria de seus participantes teve como inspiração o rock da década de 60, comandado por bandas como Beatles e Rolling Stones.


A expressão Jovem Guarda começou a ser usada com a estréia do programa de auditório que tinha esse nome, na TV Record, em 1965. Foi tirada de um discurso de Marx, onde dizia "O futuro está nas mãos da Jovem Guarda". Foi comandado por Roberto Carlos,
Erasmo Carlos e Wanderléa que apresentavam ao público os principais artistas ligados ao movimento. O programa tornou-se popular e impulsionou o lançamento de roupas e acessórios. O movimento foi impulsionado pelo público jovem, porém agradou pessoas de
todas as idades.
Surgiram vários outros programas no mesmo estilo, assim como vários artistas(hoje esquecidos, em sua grande maioria, pela mídia) obscuros, que incluíam a Psicodelia, a Soul Music e o Rock'N'Roll no Iê-Iê-Iê. Muitos consideram o fim do movimento juntamente com o fim do programa, em 1968, mas podemos dizer que se estendeu até meados de 1970.
Entre os artistas do movimento destacaram-se Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa,Vanusa, Eduardo Araújo, Silvinha, Martinha, Ronnie Cord, Ronnie Von, Paulo Sérgio, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Rosemary, Leno e Lilian, Demétrius, Os Vips, Waldirene, Bobby di Carlo, Sérgio Murilo, Sérgio Reis, Trio Esperança, Ed Wilson, Lafayette e as bandas, Os Incríveis, Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys e The Fevers. Entre os principais sucessos estão "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno"; "Festa de Arromba"; "Pare o Casamento"; "Garota Papo-Firme"; "Biquíni de Bolinha Amarelinha"; "Meu Bem"; "Eu Daria a Minha Vida"; "O Bom"; "Rua Augusta"; "Namoradinha de um AmigoMeu"; "Ternura"; "OCaderninho"; "Tijolinho"; "Feche os Olhos"; "A Festa do Bolinha"; "O Bom Rapaz" e "Menina Linda". A partir dos anos de 1990, regravações da Jovem Guarda feitas por outros grupos fizeram sucesso entre os adolescentes.

Movimento MANGUE BEAT

manguebeatSurgido como um movimento para tirar a cidade do marasmo cultural do começo dos anos 90, o Manguebit busca dar uma estética pop à cultura popular tradicional, sem deixar de lado novas manifestações surgidas em uma metrópole periférica. Foi considerado por muitos a manifestação musical mais importante da década de noventa e teve como representantes centrais Chico Science e Nação Zumbi e Mundo Livre s/a.

Outras bandas e artistas que podem integrar este universo são Mestre Ambrósio, Devotos, Eddie, Otto. Todos se caracterizam por procurarem inserir, na cultura local, elementos vindos de várias outras culturas, reapropriados e reprocessados, e também por servirem de estímulo a garotos de todas as classes sociais do Estado a expressar suas idéias por meio da música. Nas regiões menos favorecidas da Região Metropolitana do Recife, dezenas de jovens trocam o caminho da marginalidade pelo instigante e desafiador mundo da arte. Ao invés de armas, guitarras e tambores nas mãos.

O Movimento


Movimento musical surgido na cidade de Recife, no começo dos anos 90, quando bandas como Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A decidiram misturar a música pop internacional de ponta (o rap, as várias vertentes eletrônicas e o rock neopsicodélico inglês) aos gêneros tradicionais da música de Pernambuco (maracatu, coco, ciranda, caboclinho etc.). Originalmente chamado de Mangue Bit (bit entendido como unidade de memória dos computadores), o movimento teve seu primeiro manifesto, Caranguejos com Cérebro, escrito pelo ex-punk Fred 04 (do Mundo Livre) e Renato L, publicado pela imprensa local em 1992. "Imagem símbolo: uma antena parabólica enfiada na lama. Ou um caranguejo remixando Anthena, do Kraftwerk, no computador", explicavam.

O "núcleo de pesquisa e produção de idéias pop" articulado por essa juventude recifense tinha como objetivo "engendrar um circuito energético, capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop". Surgia a denominação de "mangueboys e manguegirls". "(...) São indivíduos interessados em: quadrinhos, TV interativa, antipsiquiatra, Bezerra da Silva, hip hop, midiotia, artismo, música de rua, John Coltrane, acaso, sexo não-virtual, conflitos étnicos e todos os avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência", dizia o manifesto.

No começo dos anos 80, Chico Science (ou melhor, Francisco França) era integrantes da Legião Hip Hop, equipe de dança de rua que imitava os breakers americanos. Com o guitarrista Lúcio Maia e Alexandre Dengue, participou do grupo de rock pós-punk Loustal. Da fusão do Loustal com o bloco de samba-reggae Lamento Negro, surgiu no começo dos anos 90 a Nação Zumbi, que estreou nos palcos de Recife em junho de 91. A Soparia de Roger (citado por Chico Science na música Macô)e o bar Arte Viva, em Boa Viagem, acolheram as primeiras manifestações dos mangueboys.

Mangue na mídia Propagada por Chico e pelo Mundo Livre, logo a batida do Mangue (Mangue Beat) estaria chegando ao Sudeste, onde, depois de algumas entusiasmadas reportagens em jornais, as principais gravadoras do país se interessaram por aquela novidade vinda de uma cidade nordestina de forte tradição musical que quase duas décadas antes havia revelado seu último grande produto pop: Alceu Valença. A Sony contratou Chico e a Nação Zumbi e o selo Banguela Discos (dos Titãs) ficou com o Mundo Livre.

Em 1993, seriam lançados, respectivamente, seus discos de estréia, Da Lama ao Caos e Samba Esquema Noise (título que logo denunciou a influência de Jorge Ben – seu disco de estréia se chamou Samba Esquema Novo – sofrida pelo Mundo). Com as músicas A Cidade e A Praieira, bem-engendradas fusões de rap com maracatu, a Nação saiu à frente em termos de reconhecimento popular – isso, apesar de os dois discos terem sido igualmente muito bem recebidos pela crítica musical de todo o país.

No rastro da duas bandas, vieram outros grupos de Recife dedicados às misturas do pop com a música regional: Jorge Cabeleira e o Dia em Que Seremos Todos Inúteis, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Sheik Tosado. Houve outras, porém mais tradicionalmente roqueiras, como Devotos do Ódio (banda punk da favela de Alto José do Pinho), Querosene Jacaré e Eddie, e algumas filiadas ao rap, como o Faces do Subúrbio (também do Alto) e Sistema X.

O Abril Pro Rock, festival anual que inicialmente se restringia à cena de Recife, aos poucos abriu seu espaço para bandas (principalmente as novas) de todo o país, acabando por se tornar o mais importante evento da nova música pop do Brasil. Paralelamente à cena mangue, Recife também viu o cinema ganhar fôlego, com produções como o Baile Perfumado, dos diretores Paulo Caldas e Lírio Ferreira, que teve trilha sonora feita por Chico e o Nação, Fred 04, Mestre Ambrósio, entre outros.

Caranguejos chegam à Europa Destaque absoluto da cena de Recife, Chico Science & Nação Zumbi ganharam o país e embarcaram em 1995 numa bem-sucedida turnê européia ao lado os Paralamas do Sucesso – em alguns shows, foram até a atração principal. Em 1996, lançaram sua obra-prima, o disco Afrociberdelia, em que o maracatu da banda ficou mais eletrônico e internacional, com participações especiais de artistas como Gilberto Gil, que gravou na faixa Macô. O primeiro sucesso do disco, Maracatu Atômico (de Jorge Mautner e Nelson Jacobina) fazia outra ligação com a geração anterior da MPB.

Meses depois, no dia 2 de fevereiro de 1997, Chico morreu num acidente de carro em Recife, deixando órfã toda uma geração de mangueboys e manguegirls. Alguns apostaram que seria o fim desse movimento, freqüentemente comparado ao Tropicalismo. Mas os artistas do Mangue Beat procuraram outros caminhos dentro da diversidade. Aparaceram trabalhos elogiados como o do ex-percussionista do Mundo Livre Otto (Samba pra Burro, eleito o melhor disco de 1998 pela Associação Paulista dos Criticos de Arte), do DJ Dolores e da cantora e tecladista Stella Campos.

Movimento CLUBE DE ESQUINA

(1970)
Movimento musical mineiro – representa o espírito de Minas.
Música revolucionária, regionalista, sofisticada com influência do barroco mineiro
Ideologia: pregava a busca de uma vida mais equilibrada e feliz.
Consciência ecológica no Brasil.
O homem, o questionamento do progresso, a estrada, a natureza, a busca do equilíbrio.
Compunham e tocavam em grandes bandos.

 

O Movimento


No início dos anos 60, em Belo Horizonte (MG), jovens músicos começam a se encontrar na cena musical da capital mineira. Eles produziam um som que fundia as inovações trazidas pela Bossa Nova a elementos do jazz, do rock’n’roll – principalmente The Beatles –, de música folclórica dos negros mineiros e alguns recursos de música erudita e música hispânica. Nos anos 70, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na MPB pelo alto nível de performance e disseminaram suas inovações e influência a diversos cantos do país e do mundo. E é sobre esses músicos, sobre o Clube da Esquina, que falo agora.

Inicialmente representado por Milton Nascimento, Wagner Tiso, Fernando Brant, Márcio Borges, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga, a turma mineira foi agregando uma constelação de instrumentistas e compositores. Ainda que juntos tenham apresentado uma nova perspectiva musical, o Clube da Esquina não foi visto pela mídia e pelos estudiosos como um movimento. Mas, sem sobra de dúvida, se constituiu apropriando-se de um alicerce oferecido por diversos movimentos musicais e culturais pregressos.

Heranças dos anos 50

Os anos 50 e 60 do século 20 foram marcados por profundas modificações de ordem econômica, política e, conseqüentemente, social em todo o mundo. O movimento da Contracultura iniciado pelos Beatniks nos EUA e o existencialismo francês propiciaram mudanças no meio da juventude do Ocidente e as manifestações culturais refletiam esses novos tempos, em especial a música.

Em 1958, a Bossa Nova surge como uma nova alternativa estética à música popular brasileira. Ela propõe um novo uso melódico das tensões harmônicas e uma abordagem orquestral mais enxuta, tendo o violão – junto à voz – novamente como o centro da cena. E resgatando também os aspectos rítmicos do samba, que desde o samba orquestral dos anos 50 haviam se diluído.

No que toca à questão literária, a Bossa Nova realiza uma mudança de ordem estética. Os poemas das canções, sobretudo no tema amor, tratam das situações de maneira mais feliz e coloquial, menos parnasiana, resgatando a naturalidade contida outrora em Noel Rosa.


Eclodem os anos 60

A partir dos anos 60, começam a chegar ao Brasil a música e a arte pop, representadas sonoramente pelo rock’n’roll. Rapidamente, essa nova música, que estava ligada a uma mudança de comportamento social dos jovens, ganha adeptos no Brasil. Seus seguidores são identificados a partir do movimento da Jovem Guarda.

Agora, uma guitarra aliada a recursos eletrônicos de distorção sonora é que se faz presente. Poeticamente, tratavam de valores buscados pela juventude: a beleza, a ascensão social por meio da aquisição de um automóvel, uma postura “sem compromissos” diante das responsabilidades que se lhes apresentava, enfim, queriam romper com tabus que havia muito norteavam a conduta da juventude, principalmente a sexualidade.

Música de Protesto

Na mesma época, o Brasil era assolado por um golpe militar de direita contra o qual toda a intelectualidade ligada à esquerda se mobilizou. No campo artístico, passa a ser produzida uma música que protesta ante a situação que se configura. Essa música, na produção de alguns de seus principais compositores, começa a trazer a musicalidade de um Brasil mais ligado ao interior, ao camponês e às camadas sociais menos favorecidas. É a música ligada aos Centro Populares de Cultura (CPC). Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Carlos Lira, Marcos Valle, Sidney Miller e Sérgio Ricardo são compositores que se destacam nesse momento.

A juventude intelectualizada do Brasil olha com desprezo para a música produzida pela outra juventude, mais operária, mais suburbana. Nessa época, convivem no cenário musical a música da Jovem Guarda, da Bossa Nova, a Canção de Protesto.

Havia também alternativas mais sofisticadas que fundiam recursos bossa-novistas com temáticas interioranas, partindo assim para uma estilização de ritmos populares, como o baião – Edu Lobo é um exemplo dessa vertente. Aos poucos, a música popular brasileira ia manifestando a sua ubiqüidade.

Alegoria, Paródia e Deboche

Em 1967, surge um movimento de artistas baianos e paulistas intitulado Tropicália, que visava, por meio de alegoria, paródia e deboche, a promover uma autocrítica que implodisse a já assim chamada MPB como um campo consolidado em sua “linha evolutiva”. Esse movimento, de bases intelectuais sólidas, propõe uma nova visita à Jovem Guarda autenticando alguns de seus elementos. Funde o som das guitarras distorcidas ao som orquestral, resgatando a musicalidade contida nos recônditos do Brasil. Propõe uma nova estética literária, mais ligada ao concretismo e não tão próxima de uma abordagem política explícita. Passam a utilizar o ruído (música concreta) como recurso sonoro.

A Tropicália abriu caminho para diversas tendências presentes na música brasileira ocuparem o seu lugar, de modo que tudo passou a fazer parte do novo conceito de MPB.

E, dentro da imensa diversidade sonora produzida até então, o Clube da Esquina reposicionou o espaço da MPB, certificando com qualidade a incorporação dos diversos elementos propostos pela Tropicália e outros movimentos.

Milton Nascimento

Em 1967, Milton Nascimento classificou três músicas – duas próprias e uma com letra de Fernando Brant – para a final do II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Milton é premiado como melhor intérprete e ganha o segundo lugar com “Travessia”. A partir daí, a carreira de Milton é impulsionada.

Ainda em 1967, ele grava seu primeiro disco, “Travessia”. Em 1968, é convidado a gravar o disco “Courage” nos EUA. O convite revelou o imenso potencial de aceitação de sua música nos EUA. Em 1969, grava no Brasil o disco “Milton Nascimento”. A cada novo disco, Milton se supera como intérprete, como compositor e como instrumentista.

Um novo caminho para a MPB

Em seus três primeiros discos, Milton se apóia na experiência de grandes músicos como Luiz Eça e Dori Caymmi. Isso, por um lado, dá sustentação a seu trabalho e, por outro, faz com que ele mantenha uma sonoridade mais próxima da já existente, reservada aos grandes compositores e intérpretes da MPB.

Não obstante toda a musicalidade dos jovens do Clube, era visível que a sofisticação e os recursos dos elementos sonoros trazidos pela Bossa Nova permaneciam como referência de qualidade da MPB no exterior.

Porém, é em seu disco “Milton”, de 1970, que Milton e os rapazes do Clube da Esquina passam a trilhar um caminho sonoro totalmente próprio, autêntico e mais independente do passado da música brasileira. Esse disco tem como banda de apoio o Som Imaginário, mais Lô Borges e Naná Vasconcelos. Nele, o Clube se faz mais presente nas composições dos irmãos Lô e Márcio Borges e da sonoridade que funde recursos diversos existentes na MPB – como guitarras distorcidas – e inovações – como o uso determinante da percussão na música “Pai Grande”.

A percussão não faz mais o papel de acompanhante rítmico: agora é a de criadora de um evento que corre concomitantemente à voz e ao violão e com um volume maior que o usual das gravações.


O Disco Clube da Esquina

A consolidação de uma linguagem própria se firma com o lançamento, em 1972, do disco “Clube da Esquina”, assinado por Milton Nascimento e Lô Borges. Esse álbum duplo traz a participação maciça de todos os membros do grupo de amigos músicos conhecido internamente como Clube da Esquina.

A sonoridade obtida, o alto padrão de elaboração e a originalidade das composições e arranjos fizeram deste um dos discos antológicos da MPB. A música do Clube da Esquina trouxe diversos elementos novos à MPB, que, com o passar do tempo, se tornaram matéria de uso comum.

Diferentemente da Jovem Guarda e da Bossa Nova, mantiveram uma temática política presente, mas de forma subjetiva. O disco “Milagre dos Peixes” teve que ser feito, em grande parte, à base de vocalises, devido à censura de várias das letras.

As letras das canções em geral revelam uma inclinação a construções mais abstratas, imagens ou metáforas que talvez sejam mais soltas de uma tradição poética da canção brasileira que as costumeiras da época, e mesmo depois. Pouco se encontra da estrutura de romance ou de narrativas, histórias ou situações das quais se pode tirar alguma moral ou mensagem. Acerca disso, há uma interessante afirmação que sintetiza um pensamento literário, no caso de Márcio Borges, mas que em alguma medida pode ser estendido a outros poetas do grupo em suas letras: “Pelo menos não viessem me falar de mensagens... ‘qual é a mensagem dessa letra?’ Como se um poema pudesse funcionar como cabograma ou sinal de fumaça”.

Uma Nova Perspectiva Musical

Milton inaugura uma nova forma de utilização do violão: como um instrumento ao mesmo tempo harmônico e percussivo. No samba e na bossa nova temos um violão batido dentro de um esquema rítmico. Na Tropicália e Jovem Guarda, a utilização do instrumento é feita de forma rasgueada (ou rasgada ou rasqueada é tocar violão passando os dedos ou a palheta pelas cordas correndo, de cima para baixo ou vice-versa, fazendo as cordas soarem; é uma forma não dedilhada de tocar violão), porém ainda respeitando um sistema rítmico predominante. Em Milton, poderíamos dizer que o violão passa a ser um instrumento arrítmico e de cordas percussivas.

Toda a base da música brasileira foi construída dentro de padrões rítmicos binários, ternários e quaternários. Milton desenvolve músicas em compassos quinários (em cinco tempos), além de trabalhar com compassos híbridos (pulsações diferentes numa mesma música). E também a execução de um samba, originalmente binário, em ritmo ternário.

Constróem a ponte com a música de nossos irmãos americanos de língua espanhola. Acabam por resgatar uma África que não veio pela via do samba e nem do candomblé. Trazem uma África mineira, irmã dos congados, moçambiques e caiapós e tambus.

A percussão passa a ter um papel de solista concorrente ao melopoema (o resultado da melodia e letra, a canção). É um evento que acontece à parte do resto sem, no entanto, deixar de compor o todo. São os primeiros a colocar, em algumas canções, a percussão com um volume maior que a própria voz.

A voz, no Clube da Esquina, deixa de ser apenas o elemento que canta os melopoemas e passa a ser um instrumento que canta sem letra, que produz sons pouco usuais. O falsete, por exemplo, longe de ser um último recurso, torna-se alternativa tímbrica.

Conseguem também fazer a fusão do regional com o pop amalgamando os gêneros e estilos. Ouvindo não conseguimos localizar onde começa um e termina o outro. Esse procedimento passa, tempos depois, a ser usual em um segmento chamado World Music.

Criam uma sonoridade orquestral própria que diferia da forma como a Bossa Nova utilizava a orquestra, mais como uma moldura sonora, e da forma como a Tropicália também a utilizou, de forma mais narrativa. No Clube da Esquina temos uma orquestração de caráter mais impressionista, criadora de ambiências sonoras, e que às vezes corre à parte do evento musical que se apresenta.

No disco “Clube da Esquina”, vemos a proposta inusitada de dividir o panorama de escuta do som estereofônico de forma não eqüitativamente balanceada.

Poderíamos pensar no desenvolvimento da harmonia de música popular (progressões harmônicas, dissonâncias etc.) ao longo dos tempos por um caminho que vem de Mussorgsky, Debussy, música de cinema, big bands, simultaneamente, música brasileira e música estadunidense do pós-guerra e Bossa Nova.

Se analisarmos a obra do Clube da Esquina, veremos que, além da incorporação de toda a contribuição trazida pelo desenvolvimento acima exposto, foi criada pelo Clube uma maneira muito própria de harmonizar, visível a partir do disco “Clube de Esquina”. Não é à toa que o violão de Toninho Horta se tornou referência e as harmonias de Milton são as mais surpreendentes.

A sonoridade resultante do encontro desses músicos se tornou uma das principais marcas que acompanhou a música feita pelo pessoal do Clube da Esquina. Uma música em que os instrumentos, combinados, constróem mais do que um simples acompanhamento da canção. Constróem, sim, uma ambiência da qual a canção passa a fazer parte junto de eventos sonoros distintos que acontecem ao mesmo tempo. Como exemplo, vale passar os olhos nos comentários feitos acerca do disco.

A influência da música do Clube da Esquina se espalhou por diversos lugares e tendências. Um dia, em conversa informal com Ivan Lins, sugeri que a música de Gonzaguinha continha elementos melódicos presentes na música de Milton, ao que ele me respondeu que não só a de Gonzaguinha, mas a dele também, e frisou: “Milton e Jobim, aprendi muito tocando músicas desses dois”. A influência de Milton e de Toninho Horta, na maneira de compor e tocar a guitarra, é notória na música de Pat Metheny. A própria aproximação de Egberto Gismonti e de Wayne Shorter, que gravaram músicas de Milton, da obra deste, denota a força do trabalho dos mineiros.

Movimento TROPICÁLIA

Marco inicial: festival de música de 1967 com duração até 1968.
Influência da cultura popular brasileira e internacional, e de correntes de vanguarda como o concretismo.
Possibilita um sincretismo entre vários estilos musicais como o rock, bossa nova, baião, samba, bolero, etc.
As letras possuem tom poético elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano.
NÃO queriam utilizar a música como arma de combate político à ditadura militar. Acreditavam que a inovação estética musical já era uma forma revolucionária.
Introdução da guitarra elétrica – receberam críticas por esta utilização, diziam que era influência da cultura americana.
Novos padrões estéticos.

O Movimento

O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais.

Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica.

Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores arranjos de maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.

Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música.

Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais.

Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em que assumiu atitudes experimentais para a época.

Discos antológicos foram produzidos, como a obra coletiva Tropicália ou Panis et Circensis e os primeiros discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Enquanto Caetano entra em estúdio ao lado dos maestros Júlio Medaglia e Damiano Cozzela, Gil grava seu disco com os arranjos de

Rogério Duprat e da banda os Mutantes. Nesses discos, se registrariam vários clássicos, como as canções-manifesto “Tropicália” (Caetano) e “Geléia Geral” (Gil e Torquato). A televisão foi outro meio fundamental de atuação do grupo – principalmente os festivais de música popular da época. A eclosão do movimento deu-se com as ruidosas apresentações, em arranjos eletrificados, da marcha “Alegria, alegria”, de Caetano, e da cantiga de capoeira “Domingo no parque”, de Gilberto Gil, no III Festival de MPB da TV Record, em 1967.

Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.

O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.

Movimento BOSSA NOVA

(1958 – 1964)
Formada por músicos e compositores da classe média alta.
Características musicais: desenvolvimentos do canto falado ao invés da valorização da voz.
Com as mudanças políticas causadas pelo golpe militar as canções começaram a trazer temas sociais.
Usada como instrumento de contestação política da classe média carioca.
 
A Bossa Nova começou a nascer nas reuniões de amigos da classe média do Rio de Janeiro, em apartamentos como o de Nara Leão. Estes músicos plantaram nestes encontros as sementes do que viria a ser conhecido como Bossa Nova. Este movimento apareceu em um momento único da cultura brasileira, final dos anos 50 e princípio da década de 60, contexto de euforia e muita esperança no futuro brasileiro – simbolizado pela construção de Brasília, a nova capital do país no Planalto Central.
A princípio, apenas se pretendia criar uma nova maneira de cantar e tocar samba, mas tempos depois a junção deste ritmo e do jazz norte-americano consagraria a Bossa Nova como um dos estilos musicais nacionais mais celebrados em todo o planeta. A simples evocação desta expressão já desperta a lembrança de João Gilberto, dos eternos parceiros Vinicius de Moraes e Tom Jobim e da musa Nara Leão.
Em um certo dia de agosto, em 1958, a bossa nova fez sua estréia oficial no cenário musical, com o lançamento pelo selo Odeon do vinil de 78 rotações do baiano João Gilberto, contendo a canção Chega de Saudade, praticamente um hino bossa-novista, composto por Tom e Vinicius. O controvertido intérprete imortalizou, a partir de então, os acordes dissonantes que marcariam este estilo, genialmente ironizados em Desafinado, de Tom e Newton Mendonça.
Além da marcante presença do jazz nas batidas da Bossa Nova, alguns estudiosos destacam também a presença do movimento impressionista, traduzido pelos compositores eruditos Debussy e Ravel, bem como elementos da cultura americana do período posterior à Segunda Guerra Mundial. Esta vertente musical foi assim batizada quase sem querer, antes de uma das famosas reuniões do grupo de artistas que já propagava este balanço em apresentações então conhecidas como ‘samba sessions’, referência à união samba-jazz. Em fins de 1957, um grupo de músicos – Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Sylvia Telles, Roberto Menescal e Luiz Eça –, que iria expor seu trabalho no Colégio Israelita-Brasileiro, foi anunciado como um pessoal ‘bossa-nova’ que ali se apresentaria.
A partir daí, estava definido o nome do movimento, que então passou a denominar, cada vez mais, tudo que se considerava novo. Claro que, com o tempo, todos queriam associar esta expressão aos produtos ou às idéias que desejavam vender, aos poucos extraindo deste termo sua força inicial. Antes disso, porém, a vereda musical nascida nos acanhados espaços dos apartamentos da Zona Sul e dos espaços universitários, migrou para amplos bares de Copacabana, localizados no famoso Beco das Garrafas.
No meio da década de 60, quando se acirravam os ânimos ideológicos, surgiu uma segunda geração da Bossa Nova, mais afastada da raiz jazzística e próxima dos sambistas do morro, como Zé Ketti, Cartola e Nelson Cavaquinho. Aderiram a esta corrente músicos como Marcos Valle, Dorival Caymmi, Edu Lobo, Francis Hime, Carlos Lyra e Nara Leão, que partiram para um caminho nitidamente engajado.
Em 1965, uma nova cisão. Dois grandes nomes da Bossa Nova, Vinicius de Moraes e Edu Lobo, compuseram a canção Arrastão, determinando a transição deste movimento para a MPB, tendência menos definida e mais ampla, que englobaria várias modalidades musicais, dominando o cenário artístico até o começo dos anos 80, quando o pop-rock se recicla e supera a Música Popular Brasileira.
Ao completar 50 anos em 2008, a Bossa Nova passa por um período de resgate das suas notas dissonantes, desta vez atualizada com um toque eletrônico, embalando as pistas de dança ao se fundir ao acid jazz e ao drum ‘n ‘bass, repaginando clássicos de Edu Lobo, Marcos Valle, João Donato, entre outros.

IMAGINE


Imagine

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one

Imagine

Imagine que não há paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
Acima de nós apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
você se juntará a nós
E o mundo será como um só

Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade de humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo

Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo viverá como um só
Versão John Lennon
Versão Lady Gaga

Lady Gaga cantando a musica Imagine do John Lennon em um jantar numa versão dela. Lady Gaga encarnou John Lennon no último sábado, 10, durante o HRC National Dinner 2009, em Washington, EUA. Com um óculos bem ao estilo do líder dos Beatles, a cantora também falou sobre a importância de tratar a todos da mesma forma, sem preconceito.

 
Imagine é uma canção escrita pelo músico inglês John Lennon que foi gravada e lançada em 1971 em álbum homônimo. Pelo conteúdo de sua letra, é considerada o maior Hino pela Paz de todos os tempos. Foi eleita pela revista Rolling Stone a 3 maior música de todos os tempos.[1]
John Lennon descreve a canção como sendo antirreligiosa, antinacionalista, anticonvencional e anticapitalista. Na canção ele pede para imaginar um mundo sem países ("no countries"), sem possessões ("no possessions") e sem religião ("and no religion too"). A letra foi inspirada em um desejo do Beatle de ver um mundo em paz. Lennon disse uma vez que Imagine era "o Manifesto Comunista em sua mais pura essência".
De acordo com os jornais The Sunday Times e The Guardian, Yoko Ono teria influenciado o refrão da canção, pois ele aparece em vários poemas escritos por ela na década de 60 e em seu livro intitulado Grapefruit: "imagine a raindrop...".
Depois da morte de John Lennon, foi construído em sua homenagem um mosaico contendo a palavra Imagine no Central Park de Nova Iorque, em uma parte que fica em frente ao prédio que Lennon morava e foi brutalmente assassinado, o edifício Dakota,em 1980.


Por Eliete Vasconcelos

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Pedro e o Lobo"



Pedro e o Lobo é uma história infantil contada através da música. Foi composta por Sergei Prokofiev em 1936, com o objectivo pedagógico de mostrar às crianças as sonoridades dos diversos instrumentos. Cada personagem da história (o Pedro, o lobo, o avô, o passarinho, o pato [ou pata, em algumas versões], o gato e os caçadores) é representada por um instrumento diferente.

Personagens:

Vídeo falando dos personagens:



Versão moderna do filme:




Postado por Eliete Vasconcelos